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Fome de direitos e sede de justiça: coletiva de Imprensa do 29º Grito dos Excluídos e Excluídas

Foto do escritor: Grito dos/as Excluídos/asGrito dos/as Excluídos/as


Aconteceu no dia 04/09 (segunda-feira) de setembro de 2023, às 10h, de forma remota, a Coletiva Nacional de Imprensa do 29º Grito dos Excluídos e Excluídas. Esta atividade foi transmitida no formato online pela página oficial do Grito no Facebook e pelo canal do Youtube e entidades parceiras.


Com o intuito de oferecer aos jornalistas uma reflexão mais aprofundada sobre os objetivos do Grito esta Coletiva de Imprensa contou com a mediação de Daiane Höhn, integrante nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e da Coordenação Nacional do Grito dos Excluídos e Excluídas.


O lema do Grito para este ano é “Você tem fome e sede de quê? ”. A escolha deste lema proporciona um diálogo com o tema da Campanha da Fraternidade de 2023, que é “Fraternidade e Fome”, organizada pela Conferência Nacional dos Bispos (CNBB). “O Brasil voltou ao mapa da fome, por isso, torna-se urgente debater este tema e fazer com que o Grito seja uma convocação permanente, que cause transformação nesta sociedade tão injusta”, afirmou Daiane.


Foram convidados para esta Coletiva: Dom José Valdeci Santos Mendes, bispo de Brejo/MA e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para Ação Sociotransformadora da CNBB; Leila Denise, dirigente do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), coordenação Rondônia e Via Campesina; Rosilene de Jesus Santos, conhecida como Negah Rosi, raizeira e educadora, fundadora da União dos Atingidos em São Sebastião, Litoral Norte/SP; e também, José Vanilson Torres da Silva, do Movimento Nacional População de Rua-MNPR no Rio Grande do Norte/Nordeste e coordenação nacional; Conselheiro Nacional de Saúde pelo MNPR; Conselheiro Estadual de Assistência Social pelo MNPR; Conselheiro Municipal de Assistência Social de Natal-CMAS pelo Fórum em Defesa da População em Situação de Rua de Natal-FDPRN.



Alimentar a Esperança

O Grito dos Excluídos e Excluídas dá lugar as vozes e as lutas das pessoas empobrecidas, invisibilizadas e silenciadas em nosso país. Os gritos são por mudanças estruturais e por políticas públicas; por uma vida digna, por trabalhos justos, por cultura e lazer. É diante desta infinidade de gritos que ecoam por mudanças na conjuntura política, social e econômica que as lutas cotidianas dos movimentos sociais se torna única: A Vida em Primeiro Lugar!


“É gritante e desafiante o tema da fome, principalmente quando existem mais de 33 milhões de pessoas passando fome e mais de 100 milhões sofrendo alguma necessidade”, afirma Dom Valdeci ao explicar a importância da mobilização do Grito em todas as regiões do Brasil para que de fato os gritos abafados possam ecoar e ser ouvidos na sociedade e assim lutar por um país mais justo e fraterno.


Dom Valdeci falou sobre os três degraus do exercício da caridade. O primeiro tem a ver com o dar alimento a quem tem fome; o segundo diz respeito a promoção da vida: dar trabalho a quem está desempregado ou criar projetos que ajudem os jovens na sua formação para que não se tornem massa de manobra da sociedade; e o terceiro acontece quando se luta por uma sociedade justa e quando toda transformação se concretiza na implementação de políticas públicas.


É por este motivo que o Grito dos Excluídos e Excluídas também está em sintonia com a 6ª Semana Social Brasileira que tem como tema: “Mutirão pela Vida por Terra, Teto e Trabalho”. Para Dom Valdeci todas estas iniciativas estão a serviço da vida e daqueles que não têm vida digna: “Somos então convocados a juntos realizarmos esta construção de um projeto popular que venha corresponder aos anseios de todos os excluídos e excluídas de nossa sociedade”, afirmou.


Por fim, Dom Valdeci destacou que o objetivo geral do Grito é alimentar a esperança. Anunciar a esperança de um mundo melhor, sociedade mais justa e mais fraterna. É por este motivo que os movimentos populares são de suma importância por estarem solidários para ouvir a voz daqueles que gritam por vida em primeiro lugar.


Temos fome de Justiça e Moradia

Rosilene de Jesus Santos se fez presente nesta Coletiva trazendo o grito testemunhal vivenciado pelos moradores da Vila Sahy em São Sebastião, litoral norte de São Paulo. Trata-se dos deslizamentos de terra provocados por um temporal no dia 19 de fevereiro e que causaram 65 mortes e destruição na região.


Negah Rosi, como é conhecida na comunidade, afirmou que os moradores se organizaram e fundaram a União dos Atingidos em São Sebastião com o objetivo de lutar por justiça diante do descaso do poder público. “Muitas famílias continuam em áreas de risco, muitas mães solos não estão conseguindo trabalhar e nem conseguem emprego, estão doentes. A luta é por moradia digna porque os moradores tiveram que deixar as suas casas para ir morar em prédios. É muito difícil esta nova realidade”, enfatizou.


A dor maior da comunidade está no fato de que entres os 65 mortos estão muitos adolescentes e pessoas idosas. Deste modo, o grito é por não terem sido ouvidos em momento algum. Até este momento não aconteceu nenhuma assembleia pública e constantemente encontram as portas fechadas da prefeitura. Quando fazem alguma mobilização são chamados de baderneiros. “Temos que suportar as falas preconceituosas de pessoas que nos chamam de preguiçosos, sendo que a maioria são mulheres e trabalham como empregada doméstica, por isso, temos fome de justiça e moradia”, relatou Rosilene.


Metade da População Brasileira passa Fome


Outro momento marcante nesta Coletiva foi a participação da Leila Denise, dirigente do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). Ela enfatizou que a fome que está ecoando muito forte atualmente é a do respeito: pelas crianças, pela diversidade étnica, sexual, social, gênero, cultural, terra e trabalho, justiça social, direitos, educação, cultura, territórios livres e pela soberania alimentar.


Para Leila, a nossa sociedade está fixada fortemente em três pilares que impedem que as nossas sedes e fomes sejam saciadas: o patriarcado, o racismo e o capitalismo, entendido como modo de organização da sociedade onde existe a concentração da riqueza nas mãos de poucos, principalmente com este modelo perverso de imperialismo que instiga o ódio e o repúdio ao diferente, fator determinante para o crescimento dos grupos neofascistas no nosso país.


Este projeto de sociedade defende a ganância e a morte, principalmente daqueles que não têm acesso e nem garantia do seu sustento. Basta ver o exemplo dos proprietários de terras com mais de 500 hectares, são todos homens e brancos, ou seja, estes pilares fortalecem historicamente a concentração de riqueza e, automaticamente, desapropriam as pessoas que estão em seus territórios. A exploração do ser humano e da terra não tem outra consequência senão a fome, a miséria e a morte.


A pesquisa desenvolvida pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN) revela que em 2022 metade da população brasileira passa fome e, consequentemente, falta água potável de qualidade. Leila enfatiza que a proposta da Via Campesina ao defender o pilar da soberania alimentar é que devemos ter acesso ao alimento nutritivo e saudável, culturalmente adaptado e respeitando a espiritualidade do território. “As pessoas precisam ter acesso a estes alimentos, produzidos com sustentabilidade, recuperando a qualidade da terra e da água e do ar, não se pode degradar. Precisamos investir em sistemas produtivos com tecnologias e ciências que deem autonomia para quem produz”, comentou.


Sede de Justiça e Fome de Direitos


Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) revelam que a população em situação de rua supera mais 281 mil pessoas no Brasil. Quem apresentou estes dados para a Coletiva foi José Vanilson Torres da Silva, integrante da coordenação do Movimento Nacional População de Rua (MNPR). Alertou também que estes dados são subnotificados porque o IPEA contabilizou apenas as pessoas que cadastradas no CadÚnico e muitos moradores de rua não tem acesso a este sistema de cadastro. Informou ainda que há um aumento exponencial de pessoas e de famílias vindas para a situação de rua.


Vanilson complementou dizendo que em 2020 o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não contabilizou a população de rua tornando difícil a visibilidade da PopRua. Para ele trata-se de uma estratégia porque se não é conhecido não se faz políticas públicas. Urge a implementação de políticas públicas nos governos municipal, estadual e federal que sejam garantidoras não só da questão da segurança alimentar, mas em todas as áreas. Mesmo com tantas lutas para a construção destes planos ainda acontecem despejos, roubos e todas as violências institucionais contra o povo de rua. “Combater a fome para quem está em situação de rua é um direito constitucional, mas até agora este direito não saiu do papel”, afirmou.


Como enfrentar a fome e sede?


A realização desta Coletiva de Imprensa trouxe elementos fundamentais para compreender de que fome e de que sede estamos gritando e principalmente como enfrentar e combater esta ausência de vida digna.


Dom Valdeci destacou que os gritos já ecoados desde o início do ano em tantos territórios brasileiros devem fortalecer a Reforma Agrária Popular como garantia de que todos tenham renda e não fiquem na dependência; que os territórios indígenas e as comunidades tradicionais sejam demarcados para que eles possam produzir; que também sirvam de apoio as experiências de produção nas periferias e a importância da pastoral da moradia e da autonomia das favelas e, por fim, fortaleça os projetos populares a partir do bem-viver, valorizando as experiências dos povos que são capazes de produzir sem agredir a natureza.


Leila também contribuiu com esta reflexão dizendo que além da falta do que comer devemos superar a ingestão de alimentos ou produtos que são considerados alimentícios, padronizados e que não nos nutrem, não nos deixam com saúde. São alimentos que geram doenças. É um conglomerado de oito empresas que controlam o mercado e a produção e que, diante da pobreza e da falta de recurso, somos levados a também comer muito mal.


Daiane encerrou a Coletiva de Imprensa dizendo que nestes 29 anos de existência o Grito dos Excluídos e Excluídas acontece de forma dinâmica em todo o país. É um processo de reflexão que dura o ano inteiro, mas foi só a partir de 2020 que se criou o Dia “D” do Grito. Ele sempre acontece no dia 7 de cada mês e é a oportunidade de aprofundar as pautas populares e as reinvindicações presentes no lema escolhido para cada ano. Todas estas atividades servem para fortalecer o Grito do dia 7 de setembro.


Ela agradeceu a participação dos convidados e convidadas, de todos e todas que estavam acompanhando esta Coletiva de Imprensa pelas redes sociais do Grito e convidou para que neste dia 7 de setembro estejamos presentes nos atos públicos, nas caminhadas e nas mobilizações populares. Como forma de chamar a atenção para as transformações que o país precisa e para que de fato aconteça a “Independência” como garantia de vida digna para todas as pessoas, com justiça social, acesso aos direitos fundamentais, ao equilíbrio econômico, ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia.


Por: Frei Zeca - articulador do Grito em Poconé/MT






34 Comments


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