O título nada tem de exagerado ou pretensioso. Basta passar os olhos pelas telas e telinhas das redes sociais ou pelas notícias dos meios de comunicação – em especial a mídia local – para dar-se conta dessa verdadeira avalanche. Nos últimos anos, aliás, o Grito dos Excluídos e Excluídas vem ampliando seu raio de ação. Se em suas primeiras edições a iniciativa estava mais concentrada nas capitais dos estados, atualmente ela atinge um número cada vez mais expressivo de cidades médias e mesmo pequenas.
Percorrendo semelhantes eventos, com suas respectivas imagens, cabem algumas observações para os debates e reflexões do chamado pós-Grito. Evitaremos citar exemplos para não correr o risco de sermos injustos com todas as pessoas que contribuíram para a construção desta iniciativa, hoje marca registrada da Semana da Pátria e do 7 de setembro.
1. Você tem fome e sede de quê?
Já sabemos que o tema se repete todos os anos: Vida em primeiro lugar! Entretanto, o lema deste ano, em sintonia com a Campanha da Fraternidade, ajudou a abrir um duplo leque de debates. De um lado, traz à tona a fome de pão de milhões de trabalhadores e trabalhadoras brasileiros. A renda não alcança para o arroz e o feijão, a cebola e o tomate, a fruta e os legumes, a batata e o ovo, o aluguel e o material escolar, a roupa e o calçado, os gastos com água, luz e gás!... Literalmente, em muitas casas e pelas ruas não há o que comer. Por outro lado, o lema faz emergir a sede de justiça de outros tantos trabalhadores e trabalhadoras, como também de milhares de agentes e lideranças dos movimentos e pastorais sociais, da academia e do sindicato, das entidades e organizações não governamentais, enfim, de todos, todas e todes que sonham, buscam e lutam por uma sociedade justa e solidária. As vozes se fizeram ouvir no grito uníssono. Infelizmente, as forças de repressão deram as caras em alguns eventos, mas não a ponto de impedir o direito de se manifestar.
2. Resgate do Dia Nacional da Independência
Depois do funesto furacão dos anos anteriores, quando o dia 7 de setembro, junto com as cores da bandeira nacional, foi confiscado e manipulado pelos golpistas, e transformado numa data de ódio e violência – voltamos a respirar com alívio. Passado o medo e o perigo, as pessoas puderam sair às ruas e praças para celebrar o Dia da Pátria através do binômio festa e luta. Festa, claro, porque o Brasil tem o que comemorar, seja no sentido de ter resgatado ordem democrática, seja na conquista e defesa dos direitos humanos, em particular dos pobres, excluídos e vulneráveis. Mas também luta, uma vez que não basta eleger nossos representantes e cruzar os braços. O ato de depositar o voto nas urnas é importante, mas insuficiente. Para mudanças estruturais, é preciso ocupar as ruas, praças e campos. Foi o que se viu neste 7 de setembro: os gestos e imagens se repetiram e se multiplicaram por todo país. Independência representa, antes de tudo, a liberdade de descer das arquibancadas, entrar em campo e se manifestar. Continua o empenho por “terra, teto e trabalho”, como portas que descortinam outras portas em vista de uma cidadania sem fronteiras.
3. Grito múltiplo, plural e colorido
De ponta a ponta do país as manifestações se fizeram presentes. No conjunto, pudemos notar uma mobilização múltipla, plural e colorida. Colorida, sem dúvida, porque as cores, da mesma forma que o céu, o ar, as notas musicais e as palavras, não têm dono. Jamais poderão ser apropriadas por grupos truculentos e minoritários. Pertencem a toda população. Vem à lembrança a universalidade do arco-íris e a canção Aquarela do Brasil. Também plural, pois não pode haver restrições ao saber ou saberes de pessoas e grupos. Direito de expressão, que não pode ser confundido com o direito de agressão. As diferenças, longe de nos empobrecer, sempre nos enriquecem. E ainda múltipla, na medida em que se fez sentir em todos os estados e em centenas de municípios, sem falar da grande caminhada, romaria e celebração de Aparecida/SP. Mas igualmente múltipla em sua linguagem: gestos, símbolos, marchas, atos públicos, teatro, poesia, música, dança, cartazes, faixas – tudo isso revestido pela palavra livre e aberta ao diálogo de escuta e troca de valores.
4. Consciência de um novo patriotismo
Outra observação é que o Grito dos Excluídos e Excluídas vem ocupando sempre mais todas as horas do dia 7 de setembro. Pela manhã e pela tarde, foi possível acompanhar os atos, eventos, celebrações, entre outras formas de mobilização. Por várias cidades, os migrantes haitianos e venezuelanos, como também de países vizinhos, se fizeram presentes. Em numerosos lugares, o Grito se deslocou até a periferia, os assentamentos e acampamentos, as regiões mais longínquas. Vale assinalar, ainda, a presença de bispos, padres, religiosos e religiosas – numa prova de que boa parte da Igreja comunga e defende a população carente e vulnerável. Embora em menor número, as autoridades marcaram presença em lugares onde é maior a sensibilidade com os excluídos. Não obstante o contingente de participantes tenha diminuído em algumas cidades, aumenta em contrapartida, como já vimos, o número de iniciativas e de manifestações. Não podemos deixar de sublinhar a criatividade de vários eventos, conferindo maior riqueza e participação à população como um todo.
5. Tragédias e esperanças
Convém concluir estas observações com um alerta para algumas tragédias, entre tantas outras, que mancharam negativamente a história recente do país. Em primeiro lugar, a morte por abandono e falta de alimento e atendimento médico do povo Yanomami, verdadeiro crime contra a humanidade. Depois. O aumento progressivo do povo em situação de rua – desempregados, subempregados e “descartáveis” – com destaque para a cracolândia, uma chaga aberta no coração da metrópole mais rica da nação. Vem em seguida a trajetória diária dos migrantes, das mulheres e crianças, uns sem perspectiva de encontrar o solo pátrio, outras com a violência a bater-lhes diariamente o calcanhar. Por fim, as inundações na região sul do país, que já contabilizam quatro dezenas de vítimas fatais e milhares de desabrigados. Catástrofe que vem se repetindo e que nada tem de natural. Hoje sabemos o quanto a devastação do meio ambiente, por parte da cobiça e ambição do lucro e do capital, pode levar a calamidades extremas de estiagens e tempestades. Gritos silenciosos, com imagens que clamam por mudanças urgentes e profundas no convívio do bem-viver com todas as formas de vida (biodiversidade) e no cuidado com “nossa casa comum”.
Felizmente, o clima, a atmosfera e as vibrações do 29º Grito foram revestidos de um novo respiro. Resta ainda um longo caminho a ser percorrido, mas já vislumbramos um novo olhar de atenção para com a população empobrecida. A esperança venceu novamente o medo e a ameaça de nazifascismo, negacionismo e autoritarismo, mas precisa vencer os entraves, impasses e os nós que, histórica e estruturalmente, se arrastam pela trajetória desta terra de Santa Cruz. A vitória só será possível quando os gritos ocultos, silenciados, invisíveis e abafados saírem do chão, levantarem a cabeça e formarem o grande Grito dos Excluídos e Excluídas, em vista de transformações estruturais de ordem socioeconômica e político-cultural.
Pe. Alfredo J. Gonçalves, cs
São Paulo - SP, 08 de setembro de 2023
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