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Comunicadores buscam estratégias para fazer ecoar a 25ª edição do Grito dos Excluídos

Karla Maria


Comunicadores populares e jornalistas do Grito dos Excluídos se reuniram nos dias 20 e 21 de julho, em São Paulo, para construir estratégias de propagação de uma mensagem que há cerca de 25 anos ecoa pelas comunidades e ruas do país: Vida em Primeiro Lugar. Este ano, em específico denunciando que “Este sistema não Vale! Lutamos por justiça, direitos e liberdade”. Uma denúncia direta ao crime cometido pela Vale em Brumadinho (MG), em janeiro de 2019. Antes, em 2007, em sua 13ª edição, o Grito já denunciava a privatização da então Vale do Rio Doce e motivava a população a votar pela anulação do leilão e por sua reestatização.


A busca por estratégicas de comunicação surge a partir de uma constatação: o brasileiro passa em média, nove horas por dia conectado ao celular. É amante das redes sociais e, segundo dados do Digital News Report, do Reuters Institute, o brasileiro é o líder mundial em uso do WhatsApp para obter notícias: 53%, empatado tecnicamente com o Facebook (54%), e o celular é de longe, o dispositivo mais usado para se obter notícias (77%).



“Precisamos nos comunicar com essas pessoas que não buscam notícias nos sites e jornais ou rádios. Precisamos chegar com nossa informação de qualidade até a palma da mão delas, nos comunicar e dialogar com os que pensam diferente de nós, sair da bolha, e essa é uma batalha desafiadora, já que estamos lidando com robôs programados a nos manter em bolhas, como simples consumidores”, disse Andreza do Carmo, especialista em Marketing da Rede Rua de Comunicação, uma das assessoras do encontro realizado em São Paulo.


Andreza destaca que os comunicadores do Grito têm um diferencial: comunicam com propósito, e que este ato é impulsionador, transformador. “O ato de se comunicar com propósito anima nossa articulação. Precisamos criar uma rede de comunicadores integrada e dinâmica, que denuncie as injustiças e anuncie as ações do Grito”.


O jornalista Altamiro Borges, do Centro de Estudos da Mídia Alternativa “Barão de Itararé” também assessorou o encontro e avaliou o papel dos comunicadores neste momento em que o país atravessa, momento de desinformação, de ataques à democracia e descrédito da classe política. Para ele, é imprescindível um trabalho articulado e em rede que se oponha.




Para Ari Alberti, da coordenação do Grito dos Excluídos desde a primeira edição, a comunicação precisa estar atenta às diversas formas de comunicar e alcançar aqueles que sequer têm celulares e que também são excluídos do sistema. “Nosso primeiro jornal em si, de 1995 era muito simples e objetivo, fácil de compreender. Temos que ter consciência disso para comunicar com os excluídos”.




O acesso exclusivo às notícias pelo celular é mais rotineiro nas classes D e E. Nas classes A e B, em geral, há outras formas de acessar conteúdos informativos, o que nos leva à constatação de que o baixo custo dos dispositivos móveis é decisivo para o crescimento da utilização dos celulares como fonte de informação, agora, no Brasil há milhões de pessoas que sequer se encaixam na classe E.


A pesquisa da Síntese de Indicadores Sociais, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que 54,8 milhões de brasileiros estão vivendo abaixo da linha da pobreza, ou seja, 1/4 da população nacional tem renda domiciliar por pessoa inferior a R$ 406 por mês. É, portanto, de olho nessas distintas realidades, que os comunicadores do Grito dos Excluídos buscam alternativas e estratégias para denunciar a gravidade da exclusão em nosso país e fazer com que as brasileiras e brasileiros entendam as conjunturas que deflagram a dignidade da vida humana no dia a dia.

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